ENZO

quinta-feira, 27 de maio de 2010

DIARIO DE DUAS IRMÃS UNIDAS POR UM LAÇO DE IMENSO AMOR !!!

 


Essa é uma historia contada por Ariane e Alessandra, duas irmãs, mãe e madrinha, respectivamente, do pequeno Enzo que, unidas e ajudando-se mutuamente, superaram grandes desafios e hoje, juntas, comemoram as vitórias do Enzo !!!

ALESSANDRA ESCREVEU EM 03/04/2007


Olá amigos... Minha relação com a comunidade é porque minha irmã, no 7º mês de gravidez, descobriu que meu sobrinho nasceria com hidro. Ficamos com muito medo e passamos a conhecer melhor sobre o assunto. Ela, então, começou a fazer um pré-natal mais detalhado, na Unicamp. Infelizmente, a hidro do Gabriel se agravou no ultimo mês de gravidez e, mesmo com todas as tentativas de retirar o líquido de sua cabecinha, ainda na barriga da minha irmã, nosso anjinho não resistiu...
Papai do Céu decidiu não deixá-lo com a gente, mas ele estará para sempre em nosso coração. Através dele, conheci pessoas maravilhosas e batalhadoras e sou muito grata por todo apoio que recebi, seja através de informação, ou palavras de carinho.
Minha irmã,hoje, já está mais conformada, pois, mesmo com a hidro, queria o Gabriel ao lado dela e estava disposta a superar todas as dificuldades.
No final deste ano, ela pretende engravidar de novo e, se Deus quiser, vai dar tudo certo!

Temos fé e confiamos em Deus.
Beijos a todos e contem comigo!

ARIANE ESCREVEU EM  26/02/2008


Olá... Meu nome é Ariane. No ano de 2006, tive um filho com hidrocefalia e macrocrania. Ele, infelizmente, faleceu ainda no útero. Descobri essa doença com 07 meses de gestação e, no começo, confesso que fiquei muito assustada, mas, com o passar dos meses, fui tendo forças para superar essa prova divina. MUITAS pessoas, acho que no ato do desespero, indicaram o aborto, mas jamais pensei nisso. Nunca tinha ouvido falar nesses problemas, mas, graças a Deus e aos meus familiares, tive forças para encarar mais essa provação. No dia 21/09/2006, tive a triste notícia de que ele tinha falecido. Ao ver aquela criança tão desejada, tão amada, em meus braços, já sem vida, mesmo assim, tive forças para agradecer a Deus e a ele por ter me escolhido para ser a sua mãe.
Graças a Deus, tive muito apoio do meu marido, da minha mãe e das minhas irmãs. Uma delas é a Alessandra que, ao achar essa comunidade, me deu muita força. Não desmerecendo as outras, mas ela se informava para me deixar mais tranquila. Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram e principalmente ao meu filho GABRIEL LUIS, por ter escolhido a minha família. GABRIEL... Onde quer que você esteja, seremos sempre a sua família e sei que, um dia, vamos nos encontrar. A mamãe e o papai te amam muito.

ALESSANDRA ESCREVEU EM 25/09/2008

 


Olá, amigos... Eu poderia apenas copiar e colar "minha" história lá da primeira página... Mas... Como todos devem saber, meu sobrinho Gabriel não sobreviveu ao parto. Isto fazem 02 anos...

A Ariane, minha irmã, procurou um ginecologista e, com todo histórico que tinha, pediu a ele que a preparasse para engravidar de novo.

Foram feitos vários exames – genético, citomegalovirus e etc, etc... E o médico disse que a possibilidade de acontecer de novo era muito difícil, já que ela tinha uma ótima saúde e meu cunhado, duas filhas saudáveis de outro casamento. A Ariane começou, então, a tomar ácido fólico e a pedir a Deus que a abençoasse com uma nova gravidez, o que não demorou muito... Ela está no 5º mês e, infelizmente, o Enzo também tem hidro. Foi detectada uma dilatação de 18mm no ventrículo.

Agora, falo por mim... No dia da noticia; desespero, raiva... Questionei a Deus, pedindo para falar com ele pessoalmente... Por que tanta crueldade com minha irmã? De novo tudo isso e correr o risco dela sair, outra vez, da maternidade costurada e com um bebe em uma caixa?
Não me julguem, por favor, mas estamos com muito medo. Recebemos a noticia, da primeira vez, com coragem e fé para cuidar do Gabriel e ele não nos deu esta oportunidade... 

Agora, tenho dito à Ari que não falo mais com Ele.. Vou direto na Mãe dele... Tenho pedido à Virgem Maria que interceda pela minha irmã, pois ela perdeu um filho também... 
Além disso, a Ari encontrou, em Campinas, um excelente neurocirugião que vai cuidar do Enzo, mas nós temos medo de ter esperanças e ser como da primeira vez. Também, para quem não sabe, eu serei a madrinha do Enzo... Não entendemos os caminhos a que a vida nos leva, apenas caminhamos por ela e contamos com mãos amigas, como encontramos aqui... É muito importante... Obrigada a todos... Não deixei de acreditar em Deus, mas que estou de mal com ele, ah, isso eu estou...
Beijos.



ALESSANDRA ESCREVEU EM 15/04/2009


Olá queridos amigos...

 Li meu ultimo depoimento e tive vontade de apagá-lo, mas resolvi apenas continuar escrevendo...
O Enzo nasceu no dia 06/01/2009 e, devido às boas condições físicas, fizeram a cirurgia para colocar a válvula... Morremos de medo, mas graças a Deus ( com quem fiz as pazes), correu tudo bem e ele está uma belezinha... Está fazendo fisioterapia, mas por enquanto os médicos não diagnosticaram nenhuma sequela grave.
Pediram para a Ariane pesquisar mais, com o Geneticista, se há alguma síndrome que acompanha a hidro, para dar a ele um tratamento mais especifico. Soubemos, também, que é genético e que, talvez, só acontecesse em meninos; não temos certeza.
Percebemos que o polegar só ficava fechado e já está sendo feita fisioterapia para ele abrir o dedinho. A médica disse também para sentá-lo para o pescocinho ficar forte.
Agora vou explicar porque resolvi a voltar escrever. Deve ter mamães, titias e vovós que estão tão tristes e revoltadas neste momento quanto eu estive. Entendo a dor e a revolta; não perdemos a fé de um dia para outro e, com certeza, ela deve estar no coração de vocês, aí em algum lugar.
A tempestade passa... Pode demorar um pouquinho, mas o sol volta a nascer e brilhar e nos faz enxergar que a vida apenas ensina, ensina muito...
Deus é bom e justo, não castiga ninguém e está sempre presente nos momentos difíceis e é na mão dele que devemos segurar nestas horas.
 


O preconceito – Ah!!! Isto nem se fala – vem das pessoas de quem menos se espera, mas levantamos a cabeça e seguimos em frente. Não devemos dar atenção a quem não merece, procuremos focar as energias em coisas boas!!!!
Amigos queridos, beijos mil...



ENZO


A minha relação com essa comunidade começou em 2006, engravidei do meu primeiro filho em janeiro de 2006 nossa lembro como se fosse hoje a nossa alegria em casa era tudo um sonho primeiro de muitos que viriam queríamos pelo menos dois.

Quando estava com sete meses fui fazer um ultra-som e ai veio meu desespero foi detectado que o Gabriel estava com hidrocefalia severa e macrocania. 

Não sabia nada sobre a hidro nunca tínhamos ouvido falar, fui encaminhada pra unicamp e lá eles pouco me informavam sobre a hidrocefalia, num dia eles me disseram que meu filho tinha 25% de chance de sobreviver e me indicaram o aborto eu já estava de oito meses e disse que jamais faria isso eu sentia ele mexer dentro de mim, pra mim seria a mesma coisa de enfiar um revolver na cabeça de alguém disse que levaria até o fim. 

  No dia 21 de setembro fui pro pré-natal e comecei a entrar em trabalho de parto e fui internada as pressas pois minha pressão estava alta demais isso ocorreu numa segunda feira e minha bolsa estourou na terça eles só foram fazer o parto na quinta feira e queriam o parto normal ali eu fiquei doze horas e nada até que minha pressão foi pra 26 e eles resolveram então perguntar ao meu marido o que ele preferia eu ou a criança e assim eles fizeram a cessaria.

 
Lembro como se fosse hoje as 21:05 min meu marido entrando na sala chorando e me dizendo que meu tam esperado filho havia morrido e perguntou se eu queria vê-lo, quando a enfermeira me trouxe que eu peguei ele no colo vi meus sonhos  desmoronando diante do corpo do meu filho com um buraco enorme na cabeça de tantas punções que eles fizeram ali vi meu filho perfeito.
 
Bem... Depois comecei a pesquisar mais sobre a hidro e conheci essa comunidade. 
Vi que não era impossível ter um filho com hidrocefalia. 
No ano de 2008, comecei a pagar convênio e fiz vários exames em que nada foi constatado. O médico me disse: “-Pode engravidar novamente.” 
E, no dia das mães, descobri que estava grávida! Nossa!!! Que alegria... 

 
Com três meses, descobri que era outro menino. Finalmente eu seria mamãe. 
Quando fui fazer uma ultra-sonografia, com cinco meses, veio a bomba... Ele também estava com hidrocefalia e mais macrocrania... 
Meu mundo desabou sobre a minha cabeça... Chorei tanto na sala que precisei ser amparada pelas enfermeiras .A médica ligou para o meu ginecologista e ele pediu imediatamente para que eu fosse para o seu consultório... 

Cheguei para ele e nada conseguia falar. A minha revolta era tanta... Juro que até ódio eu senti e eu vi o medico chorando e dizendo que faria o possível para me ajudar. 

Já me encaminhou para um neuro para fazer acompanhamento, procurou os melhores médicos de Campinas para fazer o meu parto; tive três ginecologistas. Passava com ele aqui na minha cidade e com outros dois em Campinas. 
Com sete meses, comecei a ter contrações e ele me dizia: “Vamos segurar esse garotão até janeiro”. 
Dia vinte seis de dezembro, passei com a médica que faria o parto e ela marcou para o dia seis de janeiro. 
Assim, eu fui para o hospital com um medo horrível de a mesma cena se repetir, mas, graças a Deus, o Enzo nasceu com 50 cm e 4160g. 

Ele fez a cirurgia dois dias depois e ficou com 3700g. Eu não acreditava que aquele bebê era meu. Eu nunca vou esquecer. Chegamos ao hospital para visitá-lo e eu fui tirar leite, quando eu voltei, meu marido estava com ele no colo, chorando desesperadamente. 

Naquela hora, lembramos do Gabriel, que esperamos tanto por ele e acabamos pegando ele morto. O Enzo começou a mamar no peito com sete dias de nascido e não teve dificuldade nenhuma. Com 13 dias de vida, ele veio para casa.

Hoje ele está com um ano e cinco meses, ainda não senta sozinho, balbucia algumas palavras e fala mamãe direitinho. 
 Muitas pessoas não acreditaram no meu filho e hoje cada gesto que ele faz, por menor que seja, choramos de alegria. 
Há alguns dias, fomos no neurologista e ele coçou a cabecinha... O neuro ficou tão emocionado e me disse: “MÃE, SEU FILHO É UM MILAGRE!!!” Ele tem os dois dedos da mão fechadinhos, a cabecinha está um pouco disforme, mas para mim, ele é perfeito, é a coisa mais linda que já vi. Essa é a minha historia e hoje agradeço a DEUS por ter colocado ele na minha vida. Não posso ter mais filhos porque é genético, mas não tem problema porque os dois que a gente queria, nós já tivemos..

OBRIGADO POR TODOS VOCÊS EXISTIREM NA MINHA VIDA!!!! BEIJOS!!!! AMO VOCÊS!!!!!

Alessandra  em 21/02/2010

Sumi não... HAHAHA!!!!! Olá, queridos amigos!!! Estou sempre por aqui. O meu tempo ficou um pouco curto, pois agora sou voluntária de uma associação de proteção aos animais, mas nunca me esqueço de meus queridos amigos desta comunidade. Falta, às vezes, tempo para postar. A propósito... Que Blog é aquele!!! Gente, vocês arrasaram!!!! Lindo, lindo de viver!
Bom... Lendo a postagem da Ari, parece que revivi tudo. Não tem como não chorar... O que posso dizer é que vejo nos olhos de meu amado Enzo muuuita vontade de VIVER e quebrar o PRECONCEITO de muita gente que nos rodeia. Ele é a prova que o AMOR e DEUS existem e tem nos ensinado isso diariamente.
Vou postar alguns filmes no youtube e passar para vocês... Ele é uma coisa de GOSTOSO!!!!


Só não mordo para não judiar, mas quando vou até lá, não consigo sair do lado dele um minuto, de tanto querer  tocá-lo, senti-lo, ver aquela boquinha respondendo pra mim :
“---Vamos embora com a dinda Enzo?
---Amo!!!” Ele responde.. HAHAHAHA!!!
Vocês imaginam isso???!!!
Eu amo vocês, queridos amigos batalhadores. Batalham pela vida, pelo amor, mas o amor sempre vencerá...
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CAQUINHO

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Caio é fruto do meu segundo casamento. 
Embora eu resistisse bravamente à ideia de ter outro filho, por insistência do meu marido, engravidei novamente.

Minha gravidez foi muito conturbada, pois trabalhava muito e, por não poder ir sempre ao banheiro, acabei tendo infecção urinária. 

 
Meu médico, apesar de nos exames constar a infecção, me dizia que era melhor não tratar, pois era de baixo grau e eu, leiga no assunto, aceitava.
 
Quando eu estava com 29 para 30 semanas de gravidez, comecei a me sentir mal, ter fortes dores, que pareciam contrações, mas meu médico, novamente, falava que era normal... 

Continuei trabalhando e, poucos dias depois, notei que estava perdendo líquido amniótico. 
Corri para o hospital, passei um dia em repouso e, após fazer um ultrassom e ver meu pequeno bem, me deram alta, com a condição de que eu deveria permanecer em repouso absoluto. 
Fui para casa, mas, desobedecendo às ordens médicas, me levantei para fritar bisteca e minha bolsa estourou. Já estava de 30 pra 31 semanas. 
Entre o medo e a ansiedade, fui para o hospital. Os médicos acharam melhor não acelerar o parto, pois achavam que dava para esperar mais uns dias. 
A minha sorte é que eu havia tomado as duas doses de adrenalina, para acelerar a formação do pulmão do bebê, pois o Caio queria nascer de qualquer jeito.
O parto foi acelerado. No dia 22 de agosto, às 09:25 da manhã, nasceu meu pedaço de gente, lindo, perfeito, grandinho, apesar da prematuridade.



Como o parto havia sido natural, logo eu já estava de pé, indo para a UTI ver meu bebê. Na primeira conversa com o pediatra, foi tudo bem.
Ele não precisou ser entubado, ficava na incubadora respirando pelo Sepap (acho q é assim q se escreve). 

 Depois de 03 dias de nascido, começou nosso drama... O pediatra notou que a cabecinha dele estava crescendo meio centímetro por dia, o que não era normal. 
Fizeram um ultrassom e diagnosticou-se a hidro. 
Graças a Deus, sempre tive anjos ao meu lado e, neste caso, minha irmã de coração foi o anjo da vez. 







Ela é pediatra e conseguiu com o diretor do hospital uma autorização para estar com a gente resolvendo tudo.
 

Como a hidro em prematuros é muito normal, havia a possibilidade de o caso reverter, então esperamos mais uns dias. 

 
Apesar do Caio ter nascido grandinho para a idade, ainda era muito pequeno e daí seu apelido, Caquinho, pois era um caquinho de gente.
Nasceu com 1.980 kg, mas chegou a 1.630 kg
E isso era o que mais me doía; um ser tão pequeno passar por tanta coisa. 

Desde o nascimento até a alta definitiva, foram 03 meses.
Durante esse tempo, ele sofreu demais, mas foi um guerreiro.

Após 10 dias de nascido, ele pôde sair da incubadora e eu pude pegar meu filho no colo. Deus é testemunha do tamanho da minha alegria. 


Apesar de todo sofrimento, nunca questionei os desígnios de Deus, sabia que aquela alegria era do meu merecimento, ter um filho especial era do meu merecimento e sou tão grata a ele...

Lembro que, ao colocar a primeira roupinha nele RN, cabiam dois Caios na roupa... Rsrsrsrs!!!!!!!


Durante o tempo que passamos na maternidade, eu pude ver o quanto Deus é maravilhoso, pois haviam ali bebês com situações muito piores do que a do Caio, mas, em sua infinita misericórdia, Deus ali colocou, também, médicos maravilhosos, enfermeiras que cuidavam de nossos pequenos como se fossem seus... 

Nós não podíamos dormir na maternidade, a visita era das 07:00 às 22:00 hs, mas sempre conseguia burlar esta regra e ficar mais com meu Caquinho.

A essa altura, toda minha vida já havia mudado.

Minha filhota teve que ir morar com minha mãe, pois não tinha mais condições de cuidar do bem estar dela, já que ficava o tempo todo no hospital.
No começo, ainda revezava com meu marido, mas depois que Caio teve alta da UTI, eu ficava o maior tempo possível com ele...
Com 27 dias, conseguimos a transferência dele para um hospital particular. 
Toda a cirurgia já havia sido engatilhada pela minha irmã. 
Um dos melhores amigos da faculdade dela havia se especializado em neurocirurgia e fez toda a cirurgia gratuitamente.

Na primeira tomografia do Caio, o mesmo médico me disse que o meu filho não tinha metade do cérebro, que ele teria sequelas graves e que não sabiam se ele teria um futuro.

Não por conta da cirurgia, que era simples, mas pelo estado do cérebro dele. Meu mundo caiu ali. Parecia que um buraco havia se aberto no chão e eu caía dentro dele, mas como Deus é maravilhoso, não perdi minha fé.
Ali decidi que o médico do meu filho seria Deus e que o Caio estaria nas mãos dele.
A cirurgia foi um sucesso, o Caio se recuperou bem. No mesmo dia, já estava me adaptando a segurá-lo no colo por causa da válvula. 
Era tão grande numa cabeça tão pequena... 
Dois dias depois da cirurgia, nos preparávamos para ir embora e veio o segundo baque: ele estava com hemorragia... 
Mas, como tudo tem um propósito, ao fazer a tomografia para ver a hemorragia, foi constatado que o cérebro do Caio era normal. O médico havia se confundido com o primeiro diagnóstico, pela quantidade excessiva de água. 

Ele precisou tomar duas bolsas de sangue e perdeu todos os acessos venais das mãos, braços e pés.
Eu cheguei a ajoelhar no berço do meu filho e pedir para Deus levá-lo, pois não aguentava mais vê-lo sofrer, mas ele é forte e superou mais esta etapa. 
Veio a infecção hospitalar; superou também. Fomos para casa 12 dias após a cirurgia...
Em casa, era só alegria, mas, depois de uma semana, corremos novamente para o hospital. O Caio estava com broncopneumonia e a válvula entupida... 
Mas o guerreiro não se abateu... Superou mais esta e, de quebra, um milagre (outro) aconteceu. A válvula, surpreendentemente, voltou a funcionar e funciona normal, até hoje.
Atualmente, o Caio é uma criança normal, arteira além da conta, mas ele poooode!!!!!!!! Às vezes, dá uns sustos, mas logo passa...
Enfim... Espero que nossa experiência ajude a tantas outras mamães, titias e vovós a nunca perderem a esperança em dias melhores!!
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EDUARDO

segunda-feira, 3 de maio de 2010


Eu nasci em 02 de abril de 1982, no Hospital Estadual Pedro II, aqui no Rio de Janeiro, no seio de uma família muito unida, mas com poucos recursos materiais.
 Com o passar do tempo, meu avô materno começou a perceber que eu apresentava um desenvolvimento motor muito abaixo da média. Eu, aos 10 meses de idade, sequer conseguia ficar sentado. 
Minha mãe, muito jovem, não conseguia enxergar que havia realmente uma anormalidade no meu desenvolvimento e, apenas quando eu comecei a chorar demais (em virtude das fortes dores de cabeça) é que minha mãe procurou auxílio médico.
Chegando ao hospital, foram feitos diversos exames procurando alguma má formação óssea, pelo fato de eu não sentar com quase um ano de idade. Como não foi encontrado nenhum problema dessa natureza, os médicos partiram para o campo neurológico e, só aí, constataram a minha hidrocefalia.
 
Minha mãe ficou extremamente assustada por nunca ter ouvido falar na doença e, sabe-se, àquela época, a hidrocefalia não era uma doença tão conhecida.

Minha primeira cirurgia foi feita às pressas, no Hospital Federal dos Servidores do Estado e, na medida do possível, foi um sucesso. Ocorre que, como previsto, houve rejeição e eu passei por maus bocados.

Foram sucessivas internações e cirurgias de reparo e eu vivi boa parte da minha infância em hospitais públicos, convivendo com o que Papai do Céu enviou pra mim. Além das intempéries relacionadas à saúde, passei por grandes apertos financeiros, familiares, amorosos... Como todo mundo.

Sempre tive, por parte dos médicos, recomendações de uma vida limitada: sem correrias, sem bagunças, sem futebol etc. Mas, sinceramente, nunca obedeci a essas regras... Hehehehehe. 
 
Assumo que, por boa parte da minha infância e adolescência, fui arredio e indisciplinado no tocante aos limites que teoricamente me eram impostos, mas nunca reclamei da doença. Enfim, eu não reclamava porque as limitações existiam, eu simplesmente não as cumpria...

Eu sempre me permiti levar uma vida normal, dentro do possível.

Um episódio muito marcante foi quando, aos 06 anos de idade, eu ouvi um médico falar para minha mãe que eu jamais passaria dos 14 anos. Aquilo ficou na minha cabeça de forma permanente...Um verdadeiro tormento.

Ainda, aos 06 anos, a caminho de uma cirurgia de emergência, eu sofri um acidente de carro muito violento, mas, graças ao bom Deus, sofri ferimentos leves, mas um grande trauma ficou em mim.

Foram 10 neurocirurgias durante a infância, de 1983 a 1989. Fiquei em coma, fiquei temporariamente cego, fiquei temporariamente sem andar, fiquei temporariamente estrábico, vejam bem temporariamente. E ainda, uma grande “loucura”: nasci destro, passei a ser ambidestro e, atualmente, sou canhoto...Hehe.

Finalmente a hidrocefalia me deu férias. Passei 08 anos longe da faca (1989 a 1997) e vivi uma pré-adolescência normal. Lembro que, quando eu tinha 13 anos, pensando estar vivendo o último ano de minha vida, eu comecei a fazer muitas besteiras: bebia, fumava, pichava muros, depredava coisas etc... 
 O meu aniversário de 14 anos foi horrível! Eu me tranquei no quarto pensando que eu morreria naquele dia! Graças a Deus a profecia do médico não vingou!!!

Em 1997, após a comemoração dos meus 15 anos, com muitas ovadas na cabeça, eu fui operado às pressas, mas foi uma cirurgia rápida e simples. Em 1998, aos 16 anos, voltei à mesa de cirurgia, mas, igualmente, foi só uma cirurgia de reparação. 
Nessa última cirurgia, a minha antiga válvula, com uma aderência muito grande ao tecido, foi apenas “desligada” e foi colocada uma segunda válvula em mim. 
Essas duas últimas cirurgias foram em hospitais particulares, graças ao plano de saúde que meu pai pôde pagar pra mim. Depois disso, fiquei 06 anos longe da “navalha”.

Em 21/04/2004, eu, após realizar a prova de um concurso público, cheguei à casa da minha mãe e, após o banho, senti um frio gigantesco. Estranhei por ser tratar de um dia de muito calor, mas, despreocupado, fui deitar.
 
Ao chegar ao quarto, minha mãe, me vendo debaixo daquele edredom, num calor tremendo, ficou preocupada e mediu minha temperatura. Eu estava ardendo em febre. Tomei remédio e fui dormir.

Ao longo da madrugada, uma dor de cabeça sem igual tomou conta de mim e, na parte da manhã, eu comecei a vomitar muito.
Fui direto pra um hospital (o melhor do Rio), onde o meu neurocirurgião trabalhava. Chegando lá, fizeram uma série de exame e constataram que eu estava com meningite viral. Porém, havia uma agravante: as duas válvulas estavam servindo de foco para o vírus e precisariam ser retiradas urgentemente.

Foi quando o neurocirurgião disse à minha mãe: “Se deixarmos as válvulas, ele certamente morrerá. Se tentarmos retirar as válvulas (até mesmo a antiga que tinha uma aderência muito grande), as chances de óbito caem para 80%!” Minha mãe ficou, lógico, desesperada.

Foram 14 horas de cirurgia, durante a madrugada, a manhã e parte da tarde do dia 23/04/2004 (quando comemoro meu segundo aniversário, afinal, nasci de novo). Foi um mês de internação no CTI do hospital e, durante a internação, mais duas cirurgias emergenciais. Nesse momento complicado, pude contar com uma família maravilhosa ao meu lado e com a minha namorada da época, extremamente entregue a me ajudar, por quem nutro um carinho e amor gigantes até hoje. 
De lá pra cá, estou há 05 anos longe dos hospitais. Contrariando as previsões mais óbvias, eu sempre fui um excelente aluno, nunca fiquei em recuperação, passei no vestibular para universidades federais na primeira tentativa, me formei em inglês através de um curso de idiomas, sou advogado, estou terminando minha pós-graduação e estou seguindo a vida. 
 
 
No campo amoroso sempre tive sorte: tive namoradas (e não foram poucas... hehe) extremamente compreensivas e companheiras que nunca tiveram o mínimo preconceito com minha doença. Hoje conto com a companhia de uma menina linda e doce, com a qual tenho imensa vontade de formar uma família muito feliz.
 
Atualmente, tenho sentido algumas dores na válvula e a tomografia acusou uma hiperdrenagem. O neurocirurgião já esclareceu que só há uma saída: a 16ª neurocirurgia. Mas, por enquanto, eu estou conseguindo driblar a hidro e o neuro... Hehe.

Eu costumo dizer que minha vida, ao contrário do que possa parecer, não foi um compêndio de sofrimentos e angústias. O que eu tive foram provas e expiações (com base na minha religião). 
Na verdade, Deus me deu a maravilhosa oportunidade de pagar um pouquinho das dívidas que adquiri em encarnações passadas...E agradeço muito por isso. Vou vivendo e procurando ajudar a quem puder...Até quando Deus achar que meu tempo por aqui acabou.

Eu costumo dizer que a felicidade não é algo objetivo, mas sim subjetivo.

 

Existem pessoas que têm tudo...Material e sentimentalmente...Mas são infelizes.

Ao contrário, existem pessoas que não têm nada...São miseráveis e abandonadas...Mas são felizes.
A gente tem mania de conceituar, delimitar o que é felicidade...condicionando-a bens materiais e sucesso familiar e social.

Várias pessoas ouvem minha história e ficam com pena, achando que fui um sofredor.

 


Talvez, realmente eu tenha tido uma história complicada, mas, sinceramente, eu nem senti! Fui feliz sendo pobre, sendo doente, sendo muitas vezes rejeitado social e amorosamente! É... Por mais que isso pareça surreal, é verdade!

 

A felicidade é algo muito mais sutil... É, de fato, um estado de espírito.


Por isso, lhes digo: por mais que você veja sua filha, ou seu filho enfrentando dificuldades (das mais diversas formas), não presuma que ela ou ele é infeliz.


Dê o melhor de si e faça de tudo para que ele ou ela seja feliz, mesmo que seja, aparentemente, doente e digno de pena.


Ninguém poderá julgar a felicidade de seu filho, senão ele mesmo e, claro, DEUS.

 

Pra ser feliz, ele não precisa ser médico, advogado, se casar e ter filhos (como a maioria pensa)... É preciso simplesmente SER FELIZ! E para isso não existe uma fórmula, a não ser viver em paz consigo mesmo e com o próximo!

Beijos no coração!
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